Vale a pena ser poeta, pois desnudo minha alma e copulo minha criatividade... [Marilda Amaral]

sábado, 17 de dezembro de 2011

ao meu amigo Celso....




As vestes puídas do pobre homem,
Denotavam que muito mais que pobre,
Era abandonando pela auto-estima...
O orgulho o abandonara  na primeira fase da vida,
Quando descobriu que não tinha origem...
A perseverança lhe disse não,
Quando descobriu que não tinha aprendido a soletrar o próprio nome.
O trabalho não era uma de suas prioridades,
Ser pedinte era menos cansativo,
Apesar de deprimente,
Pois nem sempre o próximo é tão próximo assim.
O amor era ação cinematográfica,
Longe da sua realidade...
Da mulher pouco sabia, nem a progenitora conhecera.
Seus irmãos eram cães vadios, que não se importavam
De dividir as migalhas da miséria.
O frio não era um companheiro tão presente,
Pois corpos peludos de amigos caninos agasalhavam sua pobreza...
Tinha por coberta a irracionalidade,
Por comida, os restos
E por dignidade a certeza que o amanhã era inevitável
Pobre homem viu os anos passarem sem vergonha nenhuma de ser ninguém,
Mas no fim de sua vida,
Ainda com idade pouca,
Conheceu-me quase que sem querer
E eu ensinei pra ele o pouco que sabia.
Que ser homem é bem mais do que ter algo, vir de onde ou ser de alguém...
Ser homem é ser imagem e semelhança de Deus
E para isso basta encontrar seus iguais
E eu estive lá na sua partida
Peguei sua mão e disse que
Precisa-se acima de tudo ser guerreiro.
E ele acreditou partindo tão sereno para o mundo
Do desconhecido...
E eu estou aqui orando para que encontre vida plena.
Até um dia amigo Celso.
Nascido em 05/1956 e falecido em 11/2011
[Marilda Amaral]

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